Carl Sagan falou uma vez que se alguém quiser fazer uma torta de maçã desde o começo, primeiro tem que inventar o universo. Eu concordo, mas fiz uma torta de banana porque estou na Bahia.
Torta de Banana Boipebana
INGREDIENTES
4 bananas
4 ovos
50g de chocolate amargo
100 g de acerolas para a calda
400ml de melaço
10g de óleo de côco
TEMPO DE PREPARO: 13,7 bilhões de anos
INSTRUÇÕES
1- BANANAS – Quando o cacho de bananas ta bem gordo é preciso tirar ele da bananeira para que elas fiquem maduras, se não elas apodrecem na árvore sem nunca ficarem boas. Para isso se corta a árvore inteira, se cortarmos o cacho e deixamos a árvore, ela apodrece inteira e morre. Tenho a impressão que bananeiras são mega organismos, e de verdade sempre têm várias, uma do lado do outra, quando corto uma, a do lado cresce muito mais rápido.
Cortei a enorme bananeira com muito cuidado para que não caísse no terreno do vizinho. Mas não adiantou e mesmo assim ela caiu no terreno do vizinho. Dentro da bananeira tem um tipo de palmito, será que é comestível?
Depois pendurei as bananas, e três dias depois elas estavam amarelas e ótimas.
2 – OVOS – As mães dos meus ovos vivem de boa, soltas, e seus ovos são minúsculos. Uma dessas duas é a mãe.
3 – CHOCOLATE – Cheguei numa má hora na casa do Seu Zé, procuramos pelas árvores de cacau e conseguimos achar só dois cacaus maduros. O cacau nasce atravessado, direto do tronco, nunca vi outra fruta assim.
Abri os cacaus e comi a carne que fica ao redor das sementes, depois deixei as sementes secando no sol por dois dias.
Quando vi que estavam quase secas coloquei as sementes por dez minutinhos no formo, para ficar mais fácil de descartar. Sem a casca as sementes ficam lindas, esses encaixes e ramificações parecem quebra-cabeças.
Triturei as sementes, cozinhei elas um pouco com três colheres de caldo de cana. Quando esquentamos o cacau ele solta uma manteiga, e vira chocolate. Triturei e cozinhei mais duas vezes, até ficar na consistência de um creme. Meu mixer nunca conseguiria moer tanto o cacau para que ficasse naquela consistência de chocolate mesmo, mas ficou bom com uns pedaços amargos de semente.
4 – MELAÇO – A Dona Meca planta cana, ela tem a horta mais linda que eu ja vi, totalmente caótica, no terreno do lado da casa. Fui até lá e ela me deu cinco pedaços de cana recém cortada, e aproveitou e me deu um côco também.
Fiquei sabendo que o Seu Ari é o dono da única máquina de moer cana da ilha, fui atrás dele. E descobri que ele mora nessa linda casa de pau-a-pique.
Ele me ensinou que antes de moer a cana precisamos raspar muito bem com uma faca, até tirar toda a casca verde, se não o caldo fica preto. Seu Ari e o filho dele usaram a máquina para moer, essa parte não fiz.
Meus cinco pedaços renderam quase 1,5l litros de caldo de cana. E aparentemente não raspei bem porque o caldo ficou pretíssimo, mas o gosto ficou normal.
Cozinhei o caldo por quase uma hora, até ele reduzir a 400ml e ficar muito mais doce e um pouco mais espesso, mas não tanto quanto um melaço mesmo, eu deveria ter cozinhado por mais tempo, mas precisei sair de casa.
5 – ÓLEO DE CÔCO – Usei o côco que a Dona Meca me deu. Primeiro tirei a água e reservei, depois cortei a carne, e coloquei tudo no liquidificador, coloquei um pouco de água da torneira até cobrir todos os pedaços.
Bati depois coei. Esse leite de côco ficou na geladeira de um dia para o ouro, até formar uma camada de um centímetro de manteiga, na superfície
Separei essa manteiga e cozinhei até soltar todo o óleo. Quando os pedacinhos de côco estão marrons o óleo ta pronto.
E aí está o mais puro e transparente óleo de côco virgem.
COM TODOS OS INGREDIENTES REUNIDOS
Separei as claras e gemas dos ovos.
Bati as bananas, gemas, 200ml de melaço, óleo de coco e chocolate.
Bati as claras em neve e misturei também.
Nessa hora percebi que tinha esquecido de untar a forma, então peguei uns dendês do jardim, tirei a parte macia deles e bati no mixer, saiu uma gosma gordurosa, pequei um papel e esfreguei tudo na forma, deu super certo.
Assei por 30min.
Para a calda peguei acerolas do quintal da íris e bati com três colheres de melaço, depois coei.
Esse pedaço da foto ficou com um ótimo gosto, mistura de melaço com acerola. Mas como a torta toda ficou com uma textura esponjosa, e um pouco molhada, achei melhor assar por mais tempo, quando tirei do forno a casa toda tava com cheiro de ovo, e desde então não tive vontade de comer os outros pedaços.
Os ovos de galinhas soltas têm as gemas muito mais laranjas, e devem ter gosto mais forte. Não costumo comer ovo, mas quis que as galinhas participassem da minha torta.
que ótimo tudo por aqui, carol! curti muito e não tenho sugestões porque tô achando tudo ótimo mesmo, e inovador, também.
um beijo :*
Faltou disponibilizar um RSS do site. No mais, show de bola.
oi, franque. obrigada pela dica. coloquei um rss, nunca usei rss, é assim mesmo? funcionou?
Eu acho que você deveria, no auge da sua perversidade à la Amélie Poulain, manter contato comigo: anônimo, assim como você, anônima, para que possamos desenvolver diálogos privados de qualquer tipo de timidez e constrangimento. O que você acha? Poderíamos ser grandes amigos.
eu já não seria anônima, né.
Eu fingiria que vc é.
Adorei!
Admiro muito tua criatividade e iniciativa!
Sugestão:
Deixar recados para os vizinhos.
Adorei o blog e a referência à música CINEMA OLYMPIA. Parabéns!
genial, carol!!
Acho que em apaixonei por uma pessoa que nunca vi na vida
Cara, adorei seu blog! Resolvi sair perguntando o filme favorito de um monte de gente… e meu aproveitamento foi um pouco melhor que o seu… acho que agora tenho filmes pra ver até o ano que vem =D
Vi muita coisa legal aqui que eu adoraria repetir. Sua espontaneidade é genial! Continua que eu vou te acompanhar sempre.. e já indiquei aqui pra algumas pessoas =))
Ah, também te add no face! espero que me aceite depois!
Beijo!
“Ser eternamente o mesmo é insuportável para os espíritos refinados pela reflexão.”
Desafio, “jogue” um pedacinho de poema para alguma pessoa durante seu dia.
Seu blog me faz querer ser e sentir coisas que há um tempo me desliguei. Descobri suas palavras e imagens faz pouco tempo. Quero engolir tudo.
Tenho uma sugestão: dar cambalhotas em um lugar publico. De preferência um lugar onde as pessoas sejam meio travadas. Um restaurante pequeno burguês talvez. Ou numa fila de banco.
hmm… tres interesant..
Adorei o blog. Descobri que já me autoimpus algumas tarefas similares, só prá experimentar coisas diferentes. Então, que foi de simples execução, reparto contigo: mijar correndo.
Dá uma sensação de liberdade tremenda. 😉