Skip to Content

86. escrever um livro

Fiquei na dúvida sobre chamar três páginas grampeadas em uma capa de papel sulfite de ‘livro’, mas finalmente decidi que sim, e o meu primeiro livro fala sobre delphinophilia, que é quando alguém sente atração sexual por golfinhos.

Me interesso muito por perversões de todos os tipos, não apenas sexuais. Perverter é usar para outro uso que não o original, o natural. Com natural quero dizer o que surgiu através de milhões de anos de evolução, e foi desenvolvido pela natureza. Por exemplo: a função dos rins é purificar o sangue, assim como a função dos dos órgãos sexuais é a reprodução da espécie, ao usarmos esses órgãos para qualquer outro fim estamos pervertendo-os.

Segundo o Dicionário Online de Português perverter é, também, desobedecer as regras morais, descumprir as regras de conduta dentro de um determinado aglomerado de pessoas, um grupo social.

Essa definição parte do pressuposto que as regras morais e as regras naturais são a mesma coisa, sugerindo a sociedade como um macrocosmos onde as regras morais são análogas `as regras naturais.

Mas as regras de conduta adquiridas e impostas por uma sociedade são construídas culturalmente, ou seja: variam de sociedade para sociedade, e em geral não abraçam as minorias, excluindo-as da chamada ‘normatividade’. Ainda de acordo com esse mesmo dicionário, moral é sinônimo de pudor, podar-se. Então poderíamos dizer que a normatividade é formada por pessoas que lidam melhor com as regras morais, que tem mais facilidade em adquirir pudores.

E se pensarmos que não existe absolutamente nada de antinatural na evolução dos seres humanos? Que por mais absurda que a humanidade pareça, esse foi o caminho evolutivo que aconteceu para nós. Nós somos puros, no sentido de sermos extremamente humanos, e nada além disso. Somos parte de um efeito em cadeia evolutivo que levou a tudo isso que experienciamos hoje.

delphinophilia

As cartilhas de comportamento social tentam domar impulsos ancestrais, mas essas cartilhas tendem a mudar rapidamente, se olharmos da perspectiva evolutiva. E o melhor: ainda é possível ignorá-las. Aliás, acredito ser absolutamente importante ignorá-las.

Perverter é desobedecer, é se permitir olhar além do que está preestabelecido. Em um mundo em que temos modismos que sugerem como devemos ser e nos comportar em todos os momentos da vida, e que o senso comum se espalha como eletricidade dentro da água, ser pervertida é exercer um posicionamento político extremamente necessário.

Quero escrever sobre diversas perversões, mas ainda não sei o que vou fazer com esses textos. Acho que vou juntar todos em um livro que, aí sim, será menos questionável enquanto livro. Ou poderia publicar em algum site, mas sinceramente não encontrei um site brasileiro de conteúdo próprio que me agrade e que ao mesmo tempo possa querer publicar textos sobre sexo entre humanos e cetáceos, ou sobre sujeitos que sentem a necessidade de arrancar membros do próprio corpo, gêmeas siamesas que dividem parte do cérebro… entre outros casos que me fazem gostar da humanidade.

2 Comentários

  1. ReubenKt disse:

    It is a beautiful shot with very good light-weight 🙂

    my website – http://onlinesmpt200.com

  2. Gustavo Gollo disse:

    Somos criaturas domésticas, como cães. O estabelecimento de costumes e normas faz parte de nossa domesticação. Faça o livro variado, suas abordagens são interessantes.

Deixe o seu comentário!