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67. participar de um luto congolês

Saint-denis, periferia de Paris. Era madrugada, percebi uma música saindo da sala ao lado do meu quarto, e, assim que um rapaz passou por mim, perguntei se podia entrar lá. Ele disse que sim.

 

A sala estava cheia de uma luz fria, de pessoas usando trajes de gala sentadas pelos cantos e de crianças correndo. Fui até o fim de um corredor e encontrei algumas mulheres bebendo cerveja e conversando alto. Fui instantaneamente bem recebida, me deram cerveja e uma marmita de comida, a Marie (que depois descobri que faz parte da seleção francesa de badminton) me contou que eu estava dentro da celebração do luto do seu tio.

 

Perguntei se não tinha nenhum problema, já que eu não era da família e nem conhecia o falecido, e ela respondeu que não, e que a namorada do primo dela também estava lá e também era branca.

Dei uma disfarçada para não comer o rabo de peixe que estava no meu prato e disse que no Brasil todo mundo é branco e preto ao mesmo tempo. Um menino me perguntou qual é a minha cor preferida, eu disse que é a cor da minha calça (que é verde-claro brilhante), a dele é vermelho.

 

Fiquei la conversando por mais algum tempo, me senti muito bem, ninguém parecia estar triste com a morte do tio.

 

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Também quero que meu funeral seja uma festa.

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