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2. oferecer restos de comida para um desconhecido não-mendigo

Essa ideia me surgiu ontem. Eu estava com meio pedaço de torta de bolacha na bolsa quando vi uma senhora penteando o cabelo sentada na escadaria de um viaduto. Quis dar minha torta pra ela mas fiquei na dúvida, pente de plástico, falta de pressa, viaduto, bolsa e camisa combinando… as dicas me confundiam. De qualquer modo, quase no mesmo instante tive vontade de dar a torta para alguém que definitivamente não fosse mendigo, de propósito. Qual o problema? As pessoas estão muito recalcadas nessas cidades grandes.

 

Amadureci a ideia e cheguei a algumas conclusões,

1. Não queria que a pessoa achasse que eu a confundi com um mendigo (por que não? porque os signos são muito fortes, e por mais que ache interessante despertar o questionamento sobre qual o problema de ser confundido com um mendigo, qual é diferença verdadeira, achei, na hora, que dessa forma seria mais inusitado. Que da outra forma a pessoa negaria a oferenda automaticamente como forma de negar que é mendigo.)

 

2. Não escolher um homem jovem para que ele não pense que se trata de um flerte (eu queria que a pessoa aceitasse a torta, mas assim perderia toda a graça).

 

Primeiro pensei numa velhinha, muitas vezes idosos não têm pudores, e se fosse uma velha rabugenta ela não pensaria duas vezes antes de me encher de desaforos, o que poderia ser divertido também.

 

Cheguei a conclusão que a melhor possibilidade seria então uma pessoa falando no celular (não teria muito tempo para pensar, não entenderia nada e aceitaria a torta), fiquei um tempo esperando a pessoa, até que vi uma garota loirinha e bonitinha. Pensei que provavelmente ela não teria passado por muitas situações inesperadas na vida, e, sem saber como agir, aceitaria a torta. Mas eu subestimei a menina:

 

– Oi, tu aceita meia torta alemã?

– Não quero, obrigada.

E foi assim que com um sorrisinho no rosto e nem um pingo de ódio ou confusão ela negou meus restos.

Ainda assim considero a missão cumprida.

1 Comentário

  1. Stéfanie disse:

    adorei o post, adorei o blog.

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